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17/06/04

ANGÚSTIA COMPUTORIZADA EM TIMOR-LESTE

começaram a chover noites no meu quarto
cor-de-água pálida vestiam as suas paredes
enquanto a minha pele, doirada, envelhecia
doendo marés de angústia computorizada
bebi, de um trago, um pouco mais de medo;
amargo no seu travo, puro na sua razão,
lento na sua agonia, debruada a sangue
acordei cedo pela tarde
a chuva chorava por mim
decidi mudar de quarto e voltar a dormir
dormir na tua ausência
dormir
dormir com a Inocência
bebi mais um trago daquela bebida, de uma
garrafa vazia cor-de-água rosada
que tu me ofereçeste por te abraçar o sexo
durante a tua última menstruação em Timor-Leste...
e tantas vezes mais, como tantos os lugares do
mundo onde nos encontramos pecaminosamente
agora, quando o dia começa a clarear,
a chuva de noites, que humedeceu o meu quarto,
transforma-se num viscoso líquido, ainda mais
tenebroso; quase cor-de-vinho, quase cor-de-morte,
quase..., quase um orgasmo esquecido nas mãos de
uma criança que não teve tempo de o ser...
nunca mais

1994.02.05

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