a teus pés, de luz e cor,
onde me curo com esmolas
de maus tratos e venturas,
maus sonhos, ainda dormentes,
aquecem-me no verão e no inverno,
envoltos em negras carícias,
gozando a liberdade do fracasso
ao medo e à infâmia
quis arrancar um segredo
sem espaço nem tempo
e o repouso, que nos afronta
com memórias tendenciosas,
esmagou-se, então, no degredo
que cinge hediondas teias
intemporais e atrozes
és fiél?, és fiél? és cruél!
és um anjo que anda
no lamaçal nojento do céu
moves-te nas ruínas do desvario
que não é quente nem frio,
é como um alento
alugado a um pobre calafrio
1994.03.05
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