ó! manhãs destemperadas,
que me negais o claro dia,
nem por uma vez me ajudaste
quando vos procurei
no horizonte, que desfiando,
me tricotava uma camisa rendada
com borboletas metálicas
fui penetrando nesse azul,
infinito,
e querendo não sentir
a dor cortei-me mil vezes,
quase sem cessar,
até não conseguir aprender
o que faz a dor não sentir
o sentir que faz a dor
além-mundo,
onde me espera o momento,
voa o meu reflexo
tão baixo, quase rente
ao universo endividado,
quase rente à origem
96.05.02
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