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17/06/04

UM POEMA DIFERENTE E IGUAL A TANTOS OUTROS

nas colinas de denso nevoeiro, quando o céu está mais cinzento e o sol nos diz: “Boa noite, meus anjinhos.”, eu medito na terapia da felicidade e embrenho-me no prazer da masturbação. mas continuo com vontade de desistir, assim, sem mais nem menos. não, ainda não é loucura. o desejo ainda me faz recordar e ansiar por momentos de beleza e prazer. mas que raio, não consigo esquecer que me fodem a torto e a direito alegando a sagrada constituição nacional. cada dia que passa é um evento anormal; faça-se a vontade da personalidade, porque a paranóia ficou em casa, a dormir, e eu quero escrever um poema. apenas um poema. mesmo que não seja poesia escrita com métrica ou algo preconceituoso...um martelo, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça ou instrumento de morte dolorosa num crâneo esmagado. mas morrer, lentamente, como um demente enterrado na merda, com aromas exóticos de conversa disfarçada, é obra, sim, é obra de homens não de deuses. é obra de homens e mulheres cornudos, que se enfeitam mútuamente, com cornos luzindo no luar da sua bestialidade, atacando aqui e ali, fodendo a torto e a direito porque tem uma mente em S e uma sanidade mental de desconfiar, enfiada, constantemente, pelo cú acima das convenções internacionais, quanto mais as nacionais. as que, pela pátria vendemos em saldos desgovernados, ao sabor de uma representação teatral, amadora e endiabrada. soa mal, cheira mal e não alimenta quem tem fome. fome de vida; fome de respeito; fome de tudo e de morte natural. viva a loucura que fez com que a vontade de escrever escrevesse o que apenas escrevi!

1994.03.05

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